19 outubro 2006

CARTA PARA MINHA MÃE

Para falar das mães como um todo, permita-me iniciar com algo importante que li num dos textos do Ed René e que é bem presente nos casamentos. "Na hora de dizer “sim”, conto com que os noivos já tenham entendido que estão se unindo com o cônjuge do exato jeito que ele é; nem mais nem menos. Não nos casamos com a mulher ou com o marido que esperamos que se tornem. Se assim fosse, passaríamos a vida toda tentando mudá-los e isso traria frustração e infelicidade. Para casar, precisamos amar o cônjuge suficientemente para recebê-lo do jeito que ele é." Se ele vai mudar e se transformar ou não no cônjuge que sonhamos... aí é outra história.

"Muitos relacionamentos conjugais terminam pela frustração dessa possibilidade de ter ao nosso lado a idealização de marido ou de esposa que construímos em nossos contos de fantasias pessoais. Vida a dois é construção de ideais constantemente modeláveis, onde um ajusta o outro na convivência harmoniosa e acolhedora de um casamento equilibrado; onde o maior desejo de cada cônjuge é, tão somente, fazer o outro feliz. Entrar numa relação onde o nosso parceiro será “convidado” a se encaixar em nosso molde pré-determinado de perfeição é tirania, não companheirismo conjugal."

“Mas o que é que isso tudo tem a ver com o Dia das Mães?”, você pode se perguntar. É porque as mães, de uma forma assombrosamente sobrenatural, eu diria, conseguem fugir a essa regra pecaminosa de entrar numa relação para se fazer feliz em primeiro lugar (ao invés de fazer o outro feliz). Elas quebram com todas as leis de causa e efeito quando recebem gritos dos filhos e lhes retribuem com gentileza desconcertante; quando os mesmos escolhem tomar as decisões erradas na vida e, em meio aos olhares acusadores e fulminantes dos algozes ao seu redor, lembram-se que sempre haverá sempre um colo aconchegante aguardando o regresso do “filho que errou”.

As mães, na minha opinião, são a representação mais aproximada do amor de Deus que nos recebe do jeito que estamos: sujos, fedidos, errantes, arrependidos... Elas não esperam que alcancemos a sua idealização sobre “como deve ser um bom filho” para nos estender seus braços. Como Paulo diz aos romanos: “Ele nos amou sendo nós ainda pecadores” (5:8). Esse é o amor de mãe, é o amor de Deus.

Sou grato por ter sido amado e aceito por minha mãe de uma forma tão intensa que às vezes até me sufocava. Recebi do próprio Deus um paradigma para entender melhor um pouco a respeito do Seu próprio amor por
mim. Por isso posso dizer: Mãe, eu te amo!

FELIZ DIA DAS MÃES.