19 outubro 2006

TER ou SER a Copa do Mundo?


Quando a vida nos traz filhos (ou netos) e estes atingem a idade de recém alfabetizados, entre 6 e 8 anos, precisamos estar atentos para os significados mais triviais a fim de respondê-los em suas curiosidades inocentes e construtivas. É uma fase linda.

Pensando nisso e assistindo o primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo com a minha filha de 6 anos, fiquei refletindo sobre o significado da palavra “copa” e esperando pelos seus questionamentos (que felizmente não vieram).

Quando queremos ser “chiques”, chamamos cozinha de copa; no baralho, existem as cartas do naipe de copas cujo singular vem da definição mais antiga para copo ou taça; mas a parte superior das árvores também se chama copa. Por tanto, permitam-me trocar alguns significados para chegar ao meu ponto de reflexão. A Copa do mundo, tão desejada e disputada, é um troféu em forma de taça que segura o globo terrestre. Ela confere aos seus portadores o título de melhores jogadores de futebol existentes no planeta. Todos querem lutar por ela, merecê-la... Todos querem possuir essa “copa”.

Mas penso agora em “Copa do Mundo” como “Topo do Mundo”. No sentido da copa de uma árvore; os galhos mais altos, a folhagem mais perto do céu. Agora ela deixa de ser algo que se conquista, um troféu, e vira o topo da criação. Lembro-me do topo das Andirobas na selva amazônica, árvore imponente cujas copas podem atingir mais de cem metros de altura. Ou das agudas copas do pinheiros na boca da cratera do vulcão Hale’akala em Maui no Havaí. Estou falando de lugares realmente altos. As copas das árvores, com proeminência altaneira e visão privilegiada, são, por tanto, a “Copa do Mundo” neste sentido.

Certa vez o Espírito Santo usou um homem chamado Pedro para dizer que os filhos de Deus fazem parte de uma “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus...” (1 Pe. 2:9). Assim, afirmo que o povo de Deus é a “Copa do Mundo”. E uma notícia melhor ainda é que esta “copa” não precisa (nem pode) ser conquistada, merecida ou adquirida por qualquer preço ou esforço, mas unicamente pela graça de Deus que nos alcança e “faz os nossos pés como os da corça, e nos faz andar nos lugares altos” (Hq. 3:19).

O grande desafio para nós, então, é escolher se, como “copa do mundo”, seremos tão altos em espiritualidade que nos distanciaremos cada vez mais dos problemas e das realidades do mundo aqui em baixo; ou, justamente por sermos “copas”, geração santa que anda altaneiramente, nos encheremos do mesmo amor com o qual Deus desceu do seu trono de glória, virou gente, e libertou o homem de seus sofrimentos. A escolha está diante de todo aquele que quer SER a “Copa do Mundo”.

Ainda espero minha filha perguntar o que é Copa do Mundo, pois tenho muito a dizer pra ela (muito mais em atitudes do que em palavras). Que Deus me ajude.