Finalizando a série...
Hoje encerramos a série de mensagens sobre um dos temas mais intrigantes da existência humana, o sofrimento. Ninguém lhe é imune, tampouco ensurdecido frente aos brados de uma catástrofe que fustiga algum lugar. Como escreveu Philip Yancey, “Nascemos envoltos por sangue e líquidos do corpo, em meio a lágrimas e gritos de dor, morremos da mesma forma e, entre nascimento e morte, perguntamos: ‘por quê?’”.
A resposta à pergunta tema de nossa série – “Por que sofremos?” – é totalmente desnecessária. Insistir nela e em tantas outras no desafio de compreender racionalmente o sofrimento só nos traz adoecimento emocional e relacional. Ao invés, temos insistido na tarefa sublime e honrosa de responder positivamente à vida frente ao sofrimento. “Agora que isso me aconteceu (já chorei e esperneei!), como reajo?”
Tenho ouvido e acompanhado muitas pessoas sofridas nessas últimas semanas. Parece que o tema despertou na igreja a vontade de abrir seus corações e de tentar encontrar meios para responder à vida e suas dores. Mas algo ainda mais particular tem me intrigado. Muitas delas – diria quase todas – sofrem por lutas dentro de si mesmas. Não existem fatores externos, não há crise financeira, doença, perdas ou quaisquer calamidades externas suficientemente preocupantes. O conflito se trava em suas almas e o dragão que lhes atormenta conhece tão somente os recônditos secretos de suas consciências. O que me faz lembrar da revolucionária postura de Jesus ao afirmar, por exemplo, que homicídio e adultério consumados não são aqueles que acontecem fora, no ato violento ou no leito proibido; mas dentro, na intenção impura de coração, naqueles pensamos que reverberam ira e desejo lascivo.
Mais e mais pessoas têm construído vidas secretas em suas mazelas e dissabores. Sofrer por um filho que morre ou por uma nação devastada em um terremoto externa nossa humanidade e revela que somos sensíveis à dor do outro. Contudo, sofrer por alguma transgressão interna a qual não fomos capazes de evitar é vergonhoso e doloroso. Esse sofrimento não revela, por tanto, humanidade, mas fraqueza e vergonha. E assim, insistindo no anonimato, pessoas se permitem isolar e viver realidades paralelas, protegendo-se detrás de identidades que não são as suas próprias. É o fim dos relacionamentos saudáveis e restauradores.
Responder positivamente a esse tipo sofrimento interno e individualizado é um desafio. Aceitar o fato de que o outro pode ser um instrumento de cura para minha vida é fácil, o difícil é permitir que ele seja confessando quem sou pra ele. É rejeitar o anonimato. É confissão que expõe, mas que cura. O poder curador de um relacionamento sincero é, simplesmente, divino.
Está aí, quem sabe, uma das conclusões que podemos guardar desse mês considerando sobre o sofrer: dividir é melhor do que esconder; confessar é melhor do que reter; a exposição, apesar de vexatória, supera o anonimato que perpetua a dor. E para você que sofre só, fica o desafio de significar a vida encontrando alguém para abrir os porões de sua alma, se deixar conhecer, confessar o que for necessário e gozar da plenitude que Deus planejou ao lhe criar a sua imagem e semelhança.
Que Deus nos abençoe e traga novos “amigos-confidentes” em 2009,
1 Comments:
Má...tô escutando a série...muito jóia...obrigada por permitir que Deus use você! Como diz Susana Kramer: Vamos aprender a sofrer bem! Enorme abraço...benção que agora posso baixar as pregações direto!!!
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