SIMÃO e Eu
Quantas vezes percebo em minha vida posturas semelhantes à de Simão, o mago. Sua história está narrada no livro dos Atos dos Apóstolos (8:9-25). Este, vendo o poder do Espírito Santo de Deus através das ministrações dos apóstolos, desejou ardentemente adquiri-lo por valor em dinheiro.
O homem moderno, do qual sou um grande representante, se vê imerso em desafios que se sobrepõem a cada dia. Vislumbra novas tecnologias desenvolvidas para tornar sua vida mais fácil e confortável – o que nem sempre acontece. Assim, vive uma interminável busca por soluções e respostas; e nunca, invariavelmente, nunca quer investir muito tempo nessa busca. É a compulsão pelo imediato, a cultura ultra fast-food. A única coisa que pode demorar é a consulta no médico, pois se tem muita gente esperando por consulta, o doutor deve ser bom e, quando chegar a minha vez, serei medicado com o que há de mais eficiente e rápido na cura da minha enfermidade! Na lógica capitalista de consumo e, paradoxalmente, de acúmulo, tempo é dinheiro. Quanto menos tempo perder esperando algo, mais tempo terei para me dedicar a atividades que me garantam satisfação.
Nesse ritmo, não só condicionamos nosso tempo àquilo que julgamos valer ou não a pena (e para esse julgamento fazemos uso da nossa lógica cartesiana e extremamente limitada), como também tratamos com as coisas (e também com Deus) numa relação linear de causa e efeito. “Faço por merecer!”, digo. Se quero algo da parte de Deus – como Simão queria – preciso descobrir o que estou disposto a oferecer para que, “em troca”, Deus me recompense. E que seja algo rápido e bem objetivo.
Ninguém quer gastar tempo e joelhos no chão para buscar o Dom de Deus. Nas bases da meritocracia, achamos que pelo merecimento iremos conquistar aquilo que Deus tem para nós. Isso é crença pagã: o súdito que tem que agradar a divindade para ter boas colheitas. No cristianismo, nas bases da graça, isso não é assim.
Simão ofereceu dinheiro. E eu, o que tenho oferecido? Em nossos dias, oferecer dinheiro para as coisas de Deus seria muito escandaloso e, além do mais, isso é coisa da Idade Média. Ofereço outras coisas em troca do favor divino. Trabalho na obra, fidelidade no dízimo, jejuns, campanhas de oração, planos de leitura bíblica, e assim vai. Todas essas atividades são vitais em nosso relacionamento de intimidade com o Pai, mas podem ser destrutivas para nossa espiritualidade quando utilizadas como moeda de troca para “conquista” ou, ainda, “compra” do Dom de Deus.
Tomo a liberdade de reler as palavras de Davi (Sl. 139: 23-24) acrescentadas das de Paulo (Ef. 2: 8-9): “Sonda-me, Senhor, conhece o meu coração e os meus pensamentos; vê se há em mim qualquer tentativa de me apropriar daquilo que Tu tens, gratuitamente para minha vida, através das obras pelas quais tendo a me achar merecedor do Teu favor.”
O homem moderno, do qual sou um grande representante, se vê imerso em desafios que se sobrepõem a cada dia. Vislumbra novas tecnologias desenvolvidas para tornar sua vida mais fácil e confortável – o que nem sempre acontece. Assim, vive uma interminável busca por soluções e respostas; e nunca, invariavelmente, nunca quer investir muito tempo nessa busca. É a compulsão pelo imediato, a cultura ultra fast-food. A única coisa que pode demorar é a consulta no médico, pois se tem muita gente esperando por consulta, o doutor deve ser bom e, quando chegar a minha vez, serei medicado com o que há de mais eficiente e rápido na cura da minha enfermidade! Na lógica capitalista de consumo e, paradoxalmente, de acúmulo, tempo é dinheiro. Quanto menos tempo perder esperando algo, mais tempo terei para me dedicar a atividades que me garantam satisfação.
Nesse ritmo, não só condicionamos nosso tempo àquilo que julgamos valer ou não a pena (e para esse julgamento fazemos uso da nossa lógica cartesiana e extremamente limitada), como também tratamos com as coisas (e também com Deus) numa relação linear de causa e efeito. “Faço por merecer!”, digo. Se quero algo da parte de Deus – como Simão queria – preciso descobrir o que estou disposto a oferecer para que, “em troca”, Deus me recompense. E que seja algo rápido e bem objetivo.
Ninguém quer gastar tempo e joelhos no chão para buscar o Dom de Deus. Nas bases da meritocracia, achamos que pelo merecimento iremos conquistar aquilo que Deus tem para nós. Isso é crença pagã: o súdito que tem que agradar a divindade para ter boas colheitas. No cristianismo, nas bases da graça, isso não é assim.
Simão ofereceu dinheiro. E eu, o que tenho oferecido? Em nossos dias, oferecer dinheiro para as coisas de Deus seria muito escandaloso e, além do mais, isso é coisa da Idade Média. Ofereço outras coisas em troca do favor divino. Trabalho na obra, fidelidade no dízimo, jejuns, campanhas de oração, planos de leitura bíblica, e assim vai. Todas essas atividades são vitais em nosso relacionamento de intimidade com o Pai, mas podem ser destrutivas para nossa espiritualidade quando utilizadas como moeda de troca para “conquista” ou, ainda, “compra” do Dom de Deus.
Tomo a liberdade de reler as palavras de Davi (Sl. 139: 23-24) acrescentadas das de Paulo (Ef. 2: 8-9): “Sonda-me, Senhor, conhece o meu coração e os meus pensamentos; vê se há em mim qualquer tentativa de me apropriar daquilo que Tu tens, gratuitamente para minha vida, através das obras pelas quais tendo a me achar merecedor do Teu favor.”
1 Comments:
Apenas gostaria de contribuir com a lembrança do sincretismo surgido da religião romana, que tinha o pragmatismo das oferendas em troca de favores dos deuses e o cristianismo que gerou o costume da "promessa", na religiosidade popular, para alcançar a graça, em oposição ao que o próprio Jesus disse quando fala para darmos de graça o que de graça recebemos.
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