05 agosto 2009

O QUE É A SANTA CEIA?

"Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais fazem mal do que bem." (1 Co. 11:17 - NVI)

Convencionalmente, celebramos a "Ceia do Senhor" ou a "Santa Ceia" – dá no mesmo – ao primeiro domingo de cada mês. É um momento comunitário, singelo e muito bonito, além de fundamental para a fé cristã. O próprio Jesus disse que todas as vezes que repetíssemos esse ato inaugurado por ele junto aos seus discípulos (Lc. 22:7-20), deveríamos fazê-lo "em memória de mim", advertiu o Mestre (Lc. 22:19).

Na comunidade primitiva, como nos relata o livro dos Atos dos Apóstolos, o evangelista Lucas descreve um pouco da singeleza desse momento e de como a comunidade vivenciava o seu significado: "Eles (os discípulos) se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações. (...) Partiam o pão em suas casas, e juntos, participavam das refeições com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo." (At. 2:42, 46b e 47). Alguns detalhes nos chamam à atenção: o "partir do pão" acontecia em meio ao ensino, à comunhão e às orações. Comer à mesa com outros irmãos, à luz dos ensinos do Novo Testamento, era (e é) tão espiritual como orar ou estudar a Palavra. Eles também faziam isto, diz o texto, "juntos". Ninguém ficava de fora, pois o alvo não era a comida em si, mas a oportunidade de estarem juntos celebrando a nova de Cristo em seus corações.

O tempo passou e algumas igrejas nasceram como fruto desse lindo movimento inaugurado pelo Homem de Nazaré. O apóstolo Paulo, participante ativo desse mover, contribuiu para o fortalecimento da igreja de Corinto que, em algum momento da sua caminhada, perdera o foco central do que significava celebrar a ceia do Senhor. Ele postou sua queixa: "Ouço que quando vocês se reúnem como igreja, há divisões entre vocês (...) cada um come a sua própria ceia sem esperar pelos outros, de modo que enquanto uns ficam com fome, outros, embriagam-se." (1 Co. 11:18, 20-21). Novamente fica claro, o fim da Santa Ceia não é a comida (no nosso caso, o partir do pão), mas a sincera disposição de tê-la de forma comunitária, "juntos".

A conveniência de participar da Ceia no primeiro culto do mês é que do ponto de vista físico, estaremos todos "juntos". Acredito, contudo, ser bem mais profundo o sentido que Jesus quis (e quer) dar a essa idéia de "estarem juntos os participantes da mesa". Juntos no coração, sem pendências com o próximo; Juntos na posição, sem preconceito ou distinção de classes sociais; Juntos na abnegação, sem reservas para abençoar e dividir o (pouco ou muito) que temos com aqueles que (pouco ou nada) têm; e Juntos na gratidão, sabendo que tudo o que temos ou o que algum dia viremos a ter serão sempre dádivas do nosso Eterno pai.

Essa compreensão precisa ir para além dos primeiros domingos do mês. Precisa estar presente nas reuniões de Pequenos Grupos, nas convivências dos irmãos e acima de tudo, nas refeições do dia-a-dia, durante as quais tantas outras pessoas, criadas à mesma imagem e semelhança que nós, estão diante de um prato vazio de comida e de qualquer perspectiva de vir a comer naquele dia!

"Fazei isso em memória de mim, diz Jesus". Participar da Ceia do Senhor não é muito mais do que tomar um pedaço de pão e um cálice de vinho? E ainda tem gente discutindo se esse vinho deve ser com ou sem álcool.

1 Comments:

Anonymous Ulisses said...

E ai? Tem coragem de andar na rua com Deus???
Acesse: http://naruacomdeus.blogspot.com/
(Pode ir que não é virus =D)

8:16 AM  

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