25 janeiro 2008

Como nos preparar para realizar algo?

Os médicos estudam com afinco durante a maior parte de suas vidas e agregam ao conhecimento a prática de manuseio e pesquisa da máquina humana. Os atletas submetem seus organismos a condições muitas vezes extenuantes para condicioná-los a desafios que exigem constante superação. Os poetas observam e meditam no cotidiano pinçando beleza e sensibilidade daquilo que comumente não percebemos. Enfim, se formos medicar, competir, poetizar ou nos envolver em qualquer outra atividade, precisamos buscar recursos que nos capacitem.

O Evangelho de Lucas, no cap. 9, relata o comissionamento de Jesus aos seus 12 discípulos e começa afirmando que "Tendo Jesus convocado os doze, deu-lhes poder e autoridade..." e continua no verso 6º dizendo que esses discípulos recém instruídos "... percorriam todas as aldeias, anunciando o evangelho e efetuando curas por toda parte."

Percorrer aldeias anunciando o evangelho e efetuar curas por toda parte; é assim que um discípulo de Jesus vive o seu cristianismo no mundo. Anunciar o evangelho, muito mais do que verbalizar conteúdos religiosos para as pessoas, é viver de acordo com os valores do Reino de tal modo que essa vivência provoque sede de Deus nas pessoas ao redor. Efetuar curas por toda parte, muito mais do que expurgar o mal físico daqueles que padecem, é agir intencionalmente visando o bem estar de tantos "enfermos" cujos lares adoeceram, cujas barrigas estão vazias, os corações aflitos, mentes ansiosas e joelhos trôpegos. Como a medicina hoje, diferente da dos tempos de Jesus, já consegue estancar muitos "fluxos hemorrágicos", nós somos chamados para estancar o fluxo da esperança que escoa embora pelos ralos da desilusão. Ser discípulo é renovar a esperança em corações desiludidos.

Bonito em palavras, difícil na prática. Como fazer isso? Voltemos ao 1º verso para lembrar que Jesus é quem dá poder e autoridade. Essa capacitação vem tão somente da experiência cotidiana com Este que capacita. Digo cotidiana porque intimidade pressupõe constância, dia-a-dia. Momentos pontuais de atos religiosos não promovem intimidade com Deus – assim como treinar uma vez por semana não me capacita para a tal maratona!

Constância e perseverança nos fazem adentrar no lugar íntimo com Deus. Essa realidade é plena de poder e autoridade para anunciar o evangelho do Reino, para curar enfermos e para expelir os demônios que nos desumanizam. Enfim, é a capacitação do alto que nos faz ser, simplesmente, cristãos.