08 novembro 2007

CRIADOS PARA A ATERNIDADE

João escreve que "o mundo e suas concupiscências passam, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece eternamente". (1 Jo. 2:17). Pego-me constantemente preso a este conflito entre fazer a vontade de Deus e ceder às minhas concupiscências; buscar aquilo que verdadeiramente plenifica, o querer soberano de Deus, ou aquilo que projeta uma pseudo-plenitude em momentos pontuais de satisfação, ou melhor, de auto-satisfação.

Um consolo que encontro está na palavra de Deus, pois ela me ensina que não estou sozinho nessa luta. O apóstolo Paulo também faz um sincero desabafo da mesma realidade ambivalente em sua vida: "porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço" (Rm. 7:19).

Essa constatação é forte: querendo acertar, erro; esmerando-me em seguir a Cristo, desvio-me. Chego a pensar se isto não seria uma tendência natural ao erro! Ok, diriam: "trata-se da nossa natureza pecaminosa". Entretanto, sem desconsiderar a força do pecado em minha carne, recuso-me a continuar passiva e resignadamente pensando ser natural essa fraqueza, essa inclinação obstinada ao erro. Essa recusa vem de outra constatação que pra mim é libertadora.

"Deus (...) pôs a eternidade no coração do homem" (Ec. 3:11). João disse que aqueles que fazem a vontade de Deus, ou seja, aqueles que buscam diligentemente caminhar em integridade fazendo o que é certo, permanecem eternamente. Acontece que eu, filho de Deus, comprado e remido pelo sangue de Cristo, já tenho esse anseio pelo que é eterno em meu coração; em outras palavras, fui projetado com o chip da eternidade instalado em minha paca mãe. Assim, concluo que minha inclinação natural - e que a força do pecado tenta me convencer do contrário - é seguir a vontade de Deus e permanecer firme rumando à eternidade.

Entendo melhor assim a graça de Deus. Ela está constantemente me erguendo dos tropeços que dou. Sempre que sou tentado por minha própria cobiça (Tg. 1:14) e cedendo a ela, caio, a graça eterna de Cristo vem lembrar que minha inclinação natural, digamos original, é caminhar para a eternidade seguindo a boa perfeita e agradável vontade do Pai (Rm. 12:2).

Necessito da tua graça, Senhor, porque reconheço que sou cobiçoso. Firme, porém, está o meu coração, pois o Senhor guia meus passos para andar na tua vontade e permanecer eternamente. Estranho, desgosto e rejeito a pseudo-plenitude ofertada pelos momentos comuns e pontuais de auto-satisfação fajuta que muito mais entorpece do que realiza. Sou criado para a eternidade, nada menos do que isso!

Mario S. Levy