27 julho 2007

“No FORTAL 2007 acontece”

Essa é a frase de impacto do evento que sacode a cidade e que, no ano passado, reuniu "mais de 300 mil pessoas comemorando a edição de 15 anos... Sim, isso é Fortal! Hotéis de Fortaleza com lotação máxima, turistas vindo de todas as regiões do Brasil, dos 4 cantos do mundo... É Fortal. Tudo de bom em 4 dias de pura diversão, definitivamente, isso é Fortal." (extraído do site oficial do evento).

Há uns 4 anos, acompanhei pela televisão uma dança curiosa durante a passagem de um dos blocos pelo corredor dos camarotes. O líder da banda instigava a massa de foliões a dançar ao redor do trio elétrico, circundando-o por completo ao som frenético dos atabaques e das congas. Algo muito efusivo, porém, sem propósito; aliás, bem de acordo com o que se constata na concepção do evento: muita empolgação, milhões de reais, grande mobilização social; mas... e depois?

Durante o evento existem paramédicos de plantão nas ambulâncias que fazem todo o percurso "dentro" literalmente do bloco. Eles estão ali para garantir um rápido atendimento às eventualidades, resultante de alguns exageros. Será que alguém já teve a curiosidade de perguntar a respeito da maior incidência em seus atendimentos? Pelo que presenciei em outra época da minha vida e por comentários de conhecidos, o fato é que ano após ano esse serviço tem se especializado em aplicar ampolas de Glicose diluídas em adolescentes completamente alcoolizados e semi-concientes. Ainda poderia citar o estímulo ao adultério, à prostituição entre jovens e adolescentes, à redução da mulher (e do homem) a objetos de consumo descartáveis. Enfim, é a sociedade do prazer e do imediato aproveitando os 4 dias para, desinibidamente, dar lugar aos seus desejos mais reprimidos e socialmente inaceitáveis.

A questão é que a segunda-feira sempre chega. O torpor passa. E ainda que alguns tentem prolongar o sentimento de satisfação e de auto-afirmação, semana a fora, enumerando suas conquistas e momentos áureos dos 4 dias de glória, sempre cairemos na pergunta do grande poeta; " E agora, José?"

A vida abundante que Jesus prometeu para aqueles que rejeitam ser o centro de suas próprias vidas (Jo. 10:10), é abundante não tanto pela quantidade de momentos intensos e felizes na vida, mas pela constância e perenidade da alegria que transcende a satisfação de desejos momentâneos, que não se condiciona a circunstâncias boas ou ruins, e que não pode ser forjada por artifício humano algum – ainda que as melhores bandas venham tocar e encantar o seu coração.

Vislumbrando aquela pseudo-alegria pela televisão, me veio à mente um outro momento da bíblia: "...e invocaram o nome de Baal, desde a manhã até ao meio-dia, dizendo: Ah! Baal, responde-nos! Porém não havia uma voz que respondesse; e, dançando, se movimentavam ao redor do altar que tinham feito." (1 Rs. 18:26)

"No Fortal 2007 acontece"...o que exatamente?