26 novembro 2010

“PARECE CENA DE GUERRA NO IRAQUE!”

Esse é o comentário que mais ouvimos a respeito da situação caótica em que se encontra o Rio de Janeiro. Desde domingo passado, tem sido evidenciada a guerra (antiga, mas nunca antes tão explícita) da cidade e do país contra o narcotráfico. Minha cidade natal, o Rio é um lugar a respeito do qual – os mais próximos a mim sabem disso – não poupo elogios. Da Pedra do Arpoador ao Mirante do Leblon, das comidas à mistura tranquila de classes nas ruas de Ipanema, da alegria e hospitalidade do povo à consciência política dos aposentados de Copacabana que se encontram em bancos de praça e mesas de botequim para conspirar a favor ou contra o governo! Essa é a Cidade Maravilhosa cantada pelo poeta. Pelo menos vista da Zona Sul! Que me lembre, nunca se fez ode alguma à beleza da “Garota da Vila Cruzeiro que vem e que passa” pela Zona Norte!

Na última quinta-feira celebramos o Dia Internacional de Ações de Graças. Lembro-me de termos conversado sobre a triste postura de alguns que caminham pela fé fechando os olhos para essas mazelas e evocando uma escatologia escapista que diz: “O fim está próximo!”; “Se tudo vai piorar ainda mais, não precisamos fazer nada além de orar!”; “Meu caminho pro céu já está garantido!” Sinceramente, esse não é o caminho de uma igreja comprometida com o Evangelho de Jesus.

Mas como ser grato a Deus pelo dom da vida e por seu amor abundante quando, aparentemente, tantos – não só cariocas, mas muitos vizinhos em nossa própria cidade – estão longe dessa vida plena e tão destituídos da graça? Como erguer as mãos em ações de graças quando e o que se vê ao redor é apenas sofrimento e desesperança?

Lemos no livro de Deuteronômio 8: 10 e 18, respectivamente, que, o SENHOR é quem nos dá a boa terra; e que é Ele também quem nos dá a capacidade de produzir riquezas nessa boa terra. Qual é a sua “boa terra”? Esse espaço onde Deus lhe colocou e abençoou? Nem sempre será lugar de lindas praias e gente feliz; pode virar, aqui e acolá, campo de guerra. Daí, a pergunta final nos alcança: “Que tipo de ‘riqueza’ podemos produzir, com aquilo que Deus já nos deu, a fim de reverter o caos em ordem, a guerra em paz, na boa terra onde o Senhor nos colocou?”

Pense nisso. Nossa gratidão a Deus está nessa possibilidade de sermos “produtores de riquezas”, modestos agentes de transformação na boa terra que a Ele pertence.