Amor libertador: Liberdade como Comunhão
Liberdade como dominação
Ao entender toda a história como uma permanente luta pelo poder, o conceito de “liberdade” se constitui como o estado daquele que “vence”. Os que perdem são submetidos, por tanto, “não livres”. Liberdade é algo a ser conquistado.
Historicamente, a palavra “livre” se origina em uma sociedade escravagista. Livre é apenas o senhor (diferente dos escravos, das mulheres e das crianças).
O que entende liberdade como domínio, sé conhece a si próprio e aquilo que lhe pertence. Afirma: “sou livre quando posso fazer ou deixar de fazer o que quiser”. É o domínio do homem sobre si mesmo. Ou ainda, quando se diz que o homem livre é aquele que não é determinado por forças internas, nem externas; quer dizer, cada qual há de ser o seu próprio rei e senhor, seu próprio escravocrata. Até a palavra “domínio”; de dominus, senhor; já explicita essa idéia de liberdade como dominação.
Os liberais burgueses da Europa Ocidental do pós-feudalismo, dizem que todas as pessoas têm os mesmos direitos de liberdade. Mas a liberdade de cada um terá seus limites na liberdade dos outros. Então, mesmo para o liberalismo burguês, liberdade quer dizer domínio; uma vez que todo homem encontra em outro homem um concorrente na luta pelo poder e pela posse. Todo homem é para o outro apenas uma barreira para a sua liberdade. Trata-se de uma sociedade de pessoas livres e iguais, porém solitárias. Por tanto, ao afirmar que todos têm direito à sua liberdade, perguntamo-nos: “Será esta a verdadeira liberdade?”
Liberdade como comunhão
A verdade da liberdade é o amor mútuo. Sou livre e sinto-me livre quando sou respeitado e reconhecido (amado) pelos outros, e quando da minha parte eu também respeito e reconheço (amo) os outros. A verdadeira liberdade acontece, assim, quando abro minha vida para os outros e a compartilho com eles, e quando eles abrem sua vida e compartilham-na comigo. Somente assim, então, o outro deixa de ser para mim a barreira, a ameaça e passa a ser o complemento.
Na mútua participação na vida (uns dos outros), os indivíduos se tornam livres para ir além dos limites de sua individualidade. É no amor que se experimenta a união dos indivíduos isolados. É nessa liberdade onde se experimenta a união das coisas que a dominação separou.
Enquanto a liberdade significar domínio, temos que separar tudo, temos que isolar, individualizar e distinguir para podermos dominar. Mas quando a liberdade se chama comunhão nós experimentamos a união de todas as coisas que estavam separadas. A liberdade como comunhão é, por tanto, um movimento contrário à corrente histórica das lutas pelo poder, onde só conseguíamos entender a liberdade como domínio.
O domínio não manifesta a verdade sobre a liberdade, mas sua mentira. Somente a liberdade como comunhão está em condições de curar as feridas que foram e que continuam sendo provocadas pela liberdade como domínio.
Texto sintetizado de:
MOLTMANN, Jürgen. O Espírito da vida: uma pneumatologia integral. Petrópilos, Ed. Vozes, 1999. pp. 117-119.
Ao entender toda a história como uma permanente luta pelo poder, o conceito de “liberdade” se constitui como o estado daquele que “vence”. Os que perdem são submetidos, por tanto, “não livres”. Liberdade é algo a ser conquistado.
Historicamente, a palavra “livre” se origina em uma sociedade escravagista. Livre é apenas o senhor (diferente dos escravos, das mulheres e das crianças).
O que entende liberdade como domínio, sé conhece a si próprio e aquilo que lhe pertence. Afirma: “sou livre quando posso fazer ou deixar de fazer o que quiser”. É o domínio do homem sobre si mesmo. Ou ainda, quando se diz que o homem livre é aquele que não é determinado por forças internas, nem externas; quer dizer, cada qual há de ser o seu próprio rei e senhor, seu próprio escravocrata. Até a palavra “domínio”; de dominus, senhor; já explicita essa idéia de liberdade como dominação.
Os liberais burgueses da Europa Ocidental do pós-feudalismo, dizem que todas as pessoas têm os mesmos direitos de liberdade. Mas a liberdade de cada um terá seus limites na liberdade dos outros. Então, mesmo para o liberalismo burguês, liberdade quer dizer domínio; uma vez que todo homem encontra em outro homem um concorrente na luta pelo poder e pela posse. Todo homem é para o outro apenas uma barreira para a sua liberdade. Trata-se de uma sociedade de pessoas livres e iguais, porém solitárias. Por tanto, ao afirmar que todos têm direito à sua liberdade, perguntamo-nos: “Será esta a verdadeira liberdade?”
Liberdade como comunhão
A verdade da liberdade é o amor mútuo. Sou livre e sinto-me livre quando sou respeitado e reconhecido (amado) pelos outros, e quando da minha parte eu também respeito e reconheço (amo) os outros. A verdadeira liberdade acontece, assim, quando abro minha vida para os outros e a compartilho com eles, e quando eles abrem sua vida e compartilham-na comigo. Somente assim, então, o outro deixa de ser para mim a barreira, a ameaça e passa a ser o complemento.
Na mútua participação na vida (uns dos outros), os indivíduos se tornam livres para ir além dos limites de sua individualidade. É no amor que se experimenta a união dos indivíduos isolados. É nessa liberdade onde se experimenta a união das coisas que a dominação separou.
Enquanto a liberdade significar domínio, temos que separar tudo, temos que isolar, individualizar e distinguir para podermos dominar. Mas quando a liberdade se chama comunhão nós experimentamos a união de todas as coisas que estavam separadas. A liberdade como comunhão é, por tanto, um movimento contrário à corrente histórica das lutas pelo poder, onde só conseguíamos entender a liberdade como domínio.
O domínio não manifesta a verdade sobre a liberdade, mas sua mentira. Somente a liberdade como comunhão está em condições de curar as feridas que foram e que continuam sendo provocadas pela liberdade como domínio.
Texto sintetizado de:
MOLTMANN, Jürgen. O Espírito da vida: uma pneumatologia integral. Petrópilos, Ed. Vozes, 1999. pp. 117-119.