O MAIOR SOBRENATURAL DE DEUS
A Bíblia, no Antigo Testamento, mais especificamente nos livros de Esdras e Neemias, narra a saída do povo judeu da Babilônia, sob regência persa aproximadamente pelo ano de 458 a.C. O povo havia sido prisioneiro por mais de 60 anos e agora se via diante da tarefa de reconstrução nacional; os muros e o templo deveriam ser reconstruídos, a Lei e o culto restaurados e o povo etnicamente purificado. Diante desse quadro, Neemias promove uma espécie de "dia de leitura bíblica" onde a Lei seria lida, traduzida e explicada ao povo; mais de uma geração esteve fora por tempo suficiente para esquecer o idioma nacional. Segue o relato bíblico desse momento em Ne. 8:8-10:
"Leram no livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira que entendessem o que se lia. (...) ensinavam todo o povo lhe disseram: Este dia é consagrado ao SENHOR, vosso Deus, pelo que não pranteeis, nem choreis. Porque todo o povo chorava, ouvindo as palavras da Lei. Disse-lhes mais: ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.
Aproximadamente dois mil anos desse acontecimento, o século XVI traria uma nova oportunidade dessa palavra ser lida, interpretada e traduzida. Enquanto o idioma alemão ainda se compunha da junção de outros dialetos locais, Martinho Lutero traduziu a Palavra de Deus e a colocou na mão do povo. A partir daí, temos o privilégio de ler e entender a Bíblia em nossa própria língua. Lembro-me do povo Konkomba recebendo em suas mãos o Novo Testamento traduzido para o dialeto local, Limonkpeln: "Agora ouvimos Deus falar em nossa própria língua!" A Palavra de Deus sempre faz a diferença para o povo de Deus.
A sociedade pós-moderna atual, segundo o autor salesiano Ítalo Gestaldi: "(...) tem prazer no efêmero e no descontínuo. Viver é experimentar sensações; quanto mais fortes, intensas e rápidas, melhor. (...) nada de valores, o que importa é o que agrada". Ele continua e descreve a religiosidade desse homem pós-moderno como centrada nele mesmo: "antropocêntrica, branda, 'à La carte', extremamente cômoda, cética ante o heroísmo e distante de qualquer entrega, emocional e anti-intelectualista, que se acaba no 'aleluia e glória Deus'!, (...) carente de confiança em seus líderes e divorciada da cultura".
Dizer que precisamos retornar à palavra de Deus já virou jargão e não convence mais. Creio, ao invés, ser necessária uma individual disposição de caminhar rumo à maturidade cristã. É porque falta maturidade ao povo de Deus que temos ouvido e presenciado tantos absurdos alardeados em nome de Jesus por aí a fora. Cristão que busca legítima maturidade cairá necessariamente de joelhos diante de Deus agradecendo pela sua maravilhosa e suficiente Palavra. É a partir dela e somente nela que a voz de Deus é ouvida.
Juntos rumo à maturidade.