DESEMBRARCANDO NUMA PRAIA DE NECESSIDADES
"Desembarcando, viu Jesus uma grande multidão, compadeceu-se dela e curou os seus enfermos." (Evangelho de João, 14:14)
Nesse único versículo que precede o milagre da multiplicação dos pães e peixes, Jesus realiza quatro ações absolutamente complementares. Diante da grande multidão num momento de fome, cansaço, e (em alguns casos) doença; Jesus resolve: (1) desembarcar, ou seja, sair da sua zona de conforto, do ambiente seguro (o barco), pois se encontrava diante de uma grande necessidade. Depois ele (2) viu essa necessidade, a multidão famigerada, ansiosa pelo pão que supre o corpo, mas, principalmente, por aquele que sacia o homem todo: o Pão que vem do céu. Mas essa visão não seria suficiente se restrita ao ato descomprometido da pura percepção visual (vemos pessoas famintas e sem significado de vida em cada esquina de nosso cotidiano). Continua o texto dizendo, porém, que Jesus além de ver, (3) se compadeceu. De fato, sem a disposição para "desembarcar" de nosso conforto e para assimilar a "visão" que enxerga a realidade, não tem como haver compaixão que é, como muito bem explicou Rubem Alves, "colocar o meu coração junto ao coração de quem sofre". Por fim, essa identificação com a angústia do outro levou Jesus à ação, pois ele (4) curou os enfermos. Se o sentimento não nos leva à ação, nos tornamos idealistas comprometidos, tão somente, com a elucubração de um mundo melhor que certamente não terá o cheiro do nosso suor, tampouco o bom perfume do Cristo revelado a nós.
Assim como outras iniciativas sociais da nossa igreja ao longo dos 12 anos de história, nasce agora o "Projeto Educação", o primeiro dentre outras iniciativas (ainda em fase gestacional), parte de um grande movimento social (ou despertamento social, como queiram) no seio da nossa comunidade. O contato com as nossas cercanias, suas realidades e necessidades tem nos sensibilizado e, finalmente, nos levado à ação. Mas essa não pode ser uma ação só de poucos, ou só da Junta Diaconal, ou de meia dúzia de voluntários mais "conscientes". Isso é trabalho (ou vocação – não sei por que insistem em separar essas duas coisas) de toda a igreja, ou seja, meu e seu!
Permita-se experimentar uma vida no Espírito que "frutifica" do Espírito. A evidência desse fruto é, mais do que línguas, profecias, visões e curas (que são dons), tão somente o amor (Gálatas 5:22). Amar é... Atitude, escolha, vontade, renúncia e etc.
Faça parte desse mover do Espírito de Deus no nosso meio. Ele há de usá-lo(a) independentemente da sua formação, especialização ou limitação. A capacidade (e a capacitação) é de Deus, nós somos os instrumentos. O importante é a disposição para "desembarcar", "ver", "se compadecer" e "agir". Procure a Assistência Social da igreja (3249-2010 – no horário comercial) e saiba mais sobre como participar.
Um grande abraço de quem certamente estará ao seu lado nessa empreitada.
Seus pastores, Carlos Alberto e Mario.